Por Sílvia Vilas

Como Salvaguardar a nossa Saúde Física e Mental em Regime de Teletrabalho ou Trabalho Remoto

Psicóloga e formadora do Módulo Saúde Física e Mental da Pós-graduação Executiva em Liderança e Gestão de Equipas em regime de teletrabalho

“A vida é difícil!” M. Scott Peck, psicoterapeuta, inicia assim o seu livro O Caminho menos Percorrido. Quando dei início à leitura deste livro pensei: “A começar assim, isto vai ser duro!” Mas a realidade é que quando aceitamos que a vida é difícil, podemos começar a olhar para o que nos acontece como fonte de aprendizagem. Para algumas pessoas, a vida parece que está permanentemente a querer ensinar alguma coisa de tão difícil que é. Para outras, até parece que nada há a aprender. Mas uma coisa é certa: o último ano e meio foi difícil para todos! Com maior ou menor intensidade, por motivos diferentes, com impacto diferente, mas ninguém escapou.

Uma das grandes mudanças sentidas por uma grande parte da população teve a ver com a necessidade de começarmos a trabalhar a partir de casa. E esta necessidade trouxe enormes desafios: conciliar a vida familiar com a vida profissional, aprender a não sobrepor estas duas facetas das nossas vidas, habituação a novas rotinas, aprender a usar ferramentas que nunca pensámos usar, e uma imensidão de novas adaptações.

Ora, estes desafios tiveram, por sua vez, impacto na nossa Saúde Física e na nossa Saúde Mental. Por um lado, o sedentarismo, as longas horas (ainda mais do que anteriormente) em frente a um computador, as poucas condições de trabalho que a maior parte tinha/tem em casa. Por outro lado, o stress, a ansiedade e o isolamento. Quase ninguém terá saído incólume desta situação que todos vivemos.

Mas a questão que se coloca é: não há nada a fazer?

E a resposta não podia ser mais positiva: há MUITO que nós mesmos podemos fazer!

Todos sabemos, ou pelo menos é-nos dito constantemente, que para termos uma boa saúde física necessitamos de comer bem, fazer exercício físico e visitar regularmente o médico. A pandemia trouxe problemas com este terceiro ponto, mas todos desejamos que seja um fator a ser ultrapassado em breve. O teletrabalho traz-nos dificuldades com os dois primeiros pontos. É verdade que se estamos em casa até deveríamos comer melhor. Mas quantos de nós o fazem? O que temos nos nossos frigoríficos? Quantas vezes os visitamos? E quanto ao exercício físico… agora nem caminhar até ao carro. Mas facilmente se percebe que com um bocadinho de força de vontade e motivação são dificuldades que estão ao nosso alcance serem ultrapassadas.

E, agora que já abordámos a Saúde Física e que a separamos da Saúde Mental, há que juntá-las novamente. Isto porque não há Saúde Física sem Saúde Mental. Ou seja, não há Saúde sem Saúde Mental. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Saúde Mental é um estado de bem-estar que permite às pessoas realizar as suas capacidades e potencial, lidar com o stress normal do dia a dia, trabalhar produtivamente e contribuir ativamente para a sua comunidade.

A OMS teve esta preocupação porque, na realidade, a Saúde Mental ainda não é uma preocupação generalizada e ainda é alvo de muito estigma. Mas esta foi uma das aprendizagens que a pandemia nos trouxe: a Saúde Mental tem que ser olhada como uma parte integrante da nossa Saúde. E a Saúde Mental tem que ser protegida. E como a podemos proteger? Indo ao psicólogo ou ao psiquiatra? Também, se tal for necessário. Mas também há coisas que podemos fazer nós, por nós. Mais, há coisas que podemos fazer nós, por todos.

A Saúde Mental diz respeito à forma como pensamos, sentimos, avaliamos as situações, nos relacionamos com os outros e tomamos decisões. Quando temos Saúde Mental sentimos confiança e força para lidar com as situações do dia a dia e com os outros. Mas, tal como dizia Scott Peck, a vida é difícil e, por vezes, os problemas instalam-se, a nossa forma de pensar e sentir fica afetada e fica mais difícil manter a Saúde Mental. É aí que, se nos sentirmos incapazes de dar a volta, podemos e devemos procurar ajuda.

Voltando ao trabalho, é importante que tenhamos a perceção que todos temos um papel a desempenhar para construir locais de trabalho saudáveis a nível da Saúde Mental. Gestores e trabalhadores devem colaborar para o melhoramento e a manutenção da saúde, da segurança e do bem-estar. Estarmos no papel de colaborador na prossecução do objetivo de termos um local de trabalho saudável, dá-nos uma sensação de empoderamento. Sensação de que tanto necessitamos para vivermos uma vida com sentido, uma vida que nós também controlamos. E, se isto é verdade para o local de trabalho na empresa, é ainda mais para o local de trabalho em nossa casa. E também aqui é um trabalho de colaboração entre todos.

Haveria muito a dizer sobre Saúde, no seu sentido mais global. Há muito para partilhar. Porque é a partilha de experiências que nos ajuda a todos a pensar em conjunto na melhor forma de ultrapassar dificuldades comuns. A produtividade, a conciliação das várias facetas da nossa vida, o stress, o papel de cada um para uma sociedade mais equilibrada, a visão do trabalhador e a visão do gestor. Ouvir o outro, conhecer a perspetiva do outro, saber o que podemos fazer para nos ajudarmos mutuamente.

É um grande desafio! E vale a pena desafiarmo-nos porque todos sairemos mais ricos!

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